Dez-finições para titular ou, o nome que consome

dez finições

O mundo científico tem seus caprichos e requer definições, análises, titulações e esquemas intricados que fiquem à altura de suas buscas, vaidades e pretensões. O diagrama acima é uma matriz para nomear  trabalhos acadêmicos que queiram, partindo de um título pomposo iniciar sua trilha de sedução intelectual. O candidato,  pretendendo que um nome complexo é o primeiro passo para o sucesso, deverá montar da esquerda para a direita com os fragmentos de palavras e textos, a denominação de sua jornada cerebral em curso como: ‘A ausência para o universo’, ‘A ponência ao transverso’, ‘A carência com o perverso’, e assim sucessivamente, sem esquecer que um pouco de humor é sempre fundamental para qualquer longa caminhada, 😉 mãos a obra…

Diário de Berlin

berldiario1

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joão diniz, berlin, 1985

tension/relax tranSpaces or playing with natural structures

This project is a conceptual  idea that creates models of light structures and spaces with triagulations and tension compositions attached with the proposed knots for domes and geodesic structures i ‘invented’ in my master degree thesis, for the UFOP university in Brasil. It is an utopic view of sustainable spaces including social participation and nature around and inside.  There is also a proposal of representing architecture with artistic digital photocolages, announcing  future spaces to be built.

domerandom

plan t

icosaluna

plan t2

feliz dia novo 2013 happy new day

jd2013card

para Niemeyer

Captura de Tela 2012-12-22 às 09.09.45

a vida é um sopro
e não para o tempo
algum instante novo
é o melhor monumento

.

menos velho que eterno
o espaço reinventa?
a coerência pensante
a amplidão do moderno

.

com o século na mão
em um traço errante
menos importante a forma
que amizade adiante

.

o palácio coletivo se torna
realizando sonhos da gente
o povo entende a história
do banal ao consistente

.


texto e desenho joão diniz, dez 2012

fotografia da transformação

Captura de Tela 2012-12-09 às 13.43.34

na natureza única o espaço
intercala azul e negro no céu
e registra as cores outras
revelando imagens no tempo
.
e inventando a memória
.
a figura imprime diálogos
entre realidades visíveis
traduzindo abstrações
em verdades impressas
.
na linguagem da luz
.
o encontro social acontece
trazendo uma brilhante união
e em tons de impaciente cinza
o inesperado congestionamento
.
quase todos estão na cidade
.
a câmera critica projeta
a visão sensível da historia
e no reflexo da transparência
modifica com seu caráter
.
desfazendo a inércia
.
o olho é a melhor arma
na pacificação de horrores
dando sentido às imagens
momentos (des)entendidos
.
na geometria dos signos
.
ao ampliar verdes urbanos
o ser expande possibilidades
realizando agora o dia viável
no foco da vontade clara
.
a fotografia da transformação
.

texto e foto jd 2012

transArquitetura: um possível manifesto

.

A contemporaneidade está plena de recursos comunicativos

mas existe duvida se estas redes invisíveis realmente geram

novos conhecimentos, encontros, produções e conteúdos,

e se conseguem vencer a atual cultura da dispersão

e a obsolescência programada nas ideias descartáveis

que aparecem como imediatos e mediáticos bens consumo

.

Por outro lado o pensamento humano segue descontínuo

no labirinto dos sentidos, no divagar das horas e das esperas,

no foco multidirecional das dúvidas, vontades e ações,

e varia entre as dificuldades do ser, as possibilidades do fazer,

a brevidade das atenções, a diversidade de interesses,

e a expansão do corpo e da alma no universo intemporal

.

A natureza é múltipla e interativa e coloca sempre em risco,

numa restrição de vida, os seres extremamente especializados,

propondo sequencias, inter-relações e diálogos complementares,

o homem pretenso senhor desta ordem refuta o inesperado caos

mas é sempre surpreendido, em seu domínio mecânico e frágil,

pelas catástrofes do pulsar geográfico ou da crença exacerbada

.

Mas existem os agentes do avanço na observação do inesperado,

na tradução dos opostos, no risco do pensamento e do gesto,

no ímpeto selvagem que propõe a variedade de disciplinas e rumos,

nas hipótese das escutas e das vozes, nas caravanas e nos retiros,

no intercambio humano e espiritual de um tempo expandido

que nunca é só presente, mas que só se realiza na ação imediata

.

Os temas de Leonardo se integram em minúsculos códices,

da escrita inversa ao medíocre, na polifonia de sensos e diagramas,

na integração da anatomia e da máquina, do som e da luz,

do texto e do traço, do movimento e do peso, da hélice, da roda

do prato, do guardanapo, do canhão, da ideia e do engenho,

da cidade, da ponte e do canal, da guerra, do descanso e do humor

.

A cultura digital propõe o novo renascimento nas ferramentas plurais

na bagagem sem peso de uma integração necessária e oculta,

no congestionamento físico dos modelos vencidos ou em agonia,

nas nuvens invisíveis dos tempos históricos e virtuais

estão as saídas sensíveis que refutam a ignorância herdada,

da apatia da dominação intolerante e dos ataques velados em raiva

.

A leveza ativa do pássaro se opõe à frágil pena que cai,

no vento ocasional das tendências ditadas e obedecidas,

a asa ativa busca seu foco, e flutua nas correntes da polêmica,

tentando subir além das tempestades e dos ataques,

vislumbrando a autonomia e limite do vôo, nos seus mapas mentais,

local e momento do pouso e acolhida do desconhecido, ou não

.

A arquitetura do homem une arqui/arte à tectura/tessitura

Ideia e fazer, projeto e matéria, pedra e arco, parede e espaço,

na indisciplina do sonho há o rigor variável das metas,

no vácuo indefinido do nada pode estar a síntese do lugar,

a mão cuidadosa tenta seu papel ao buscar o traço que une

o tempo inexistente ao significado da imagem e da palavra

.

Pelas proposições cordiais da provocação e dos idiomas

estão os transversos passos das esquinas, das praças, das festas,

os sensos vários do corpo e da alma conduzem as matérias

da viagem e da chegada no roteiro integrado das culturas,

dos valores ambientais, das viabilidades econômicas imaginadas,

e dos respeitos sociais que devem sustentar os dias que passam

.

A idade durável do cosmos pode transpassar os atores breves

nas décadas transcorridas, na existência transposta em artes,

transparentes ou intransigentes, transmitidas ou intrometidas

transportadas ou atravessadas, em transes ou em trancas

em trapos ou em tranças, mas sempre através da trama

do espírito trans, aberto, curioso, aprendiz, atento e sereno

.

A transArquitetura é o local onipresente da experimentação,

o plano de cada ser em função das próprias e gerais demandas,

uma maneira individual e coletiva de ter tempo e ser tido por ele,

de construir na existência todas possibilidade frente às barreiras,

de fazer uma história engenhada nas poéticas do espanto,

alimento para os sujeitos sempre iniciantes em sua experiência

.

Na transArquitetura o desconhecer não é barreira mas caminho,

o saber não é estilo mas maneira de sempre renovar o olhar,

a profissão não é limite mas a forma de reinventar vocações,

o instante é uma paixão provocante que deve ser sempre conquistada,

no espaço que nasce na mente presente, observante e agente,

todos são diversos, unidos, sensíveis, possíveis, na transArquitetura.

.

Joao Diniz, nov. 2012 / desenho: Leonardo da Vinci

Salada ShopskCanastra

A culinária integra as pessoas, e os povos.

As cozinhas nacionais se espalham pelo mundo representando seus países e regiões, e muitos viajantes, antes de visitarem outras nações, conhecem seus sabores através dos restaurantes e receitas estrangeiras.

Numa viagem pela Bulgária me chamou a atenção uma salada de poucos ingredientes sempre ofertada tanto em restaurantes sofisticados como em bares populares.

Provando este prato confirmei que, o que ele tinha de visualmente belo, através das cores contrastantes, tinha também de saboroso e nutritivo, se tornando meu alimento favorito naqueles dias. Depois descobri que seu nome ‘shopska’ tinha a ver com a palavra ‘povo’ e era muito apreciado em toda região balcânica.

Acho que a alimentação através das saladas bem balanceadas pode ser importante num futuro onde a energia para o fogo possa estar mais escassa e cara e, digamos, que elas podem ser consideradas um prato de características ecológicas por terem conteúdos preferencialmente vegetais e de baixa pegada energética.

Logo pensei que aquela salada búlgara poderia ter uma ‘tradução’ mineira refletindo a curiosidade que o povo de Minas Gerais tem de saber, e de assuntar,  o que está além das montanhas do estado, e além dos mares e continentes distantes.

Nesta adaptação os vegetais comuns nas duas regiões seriam usados e cortados da mesma forma, apenas o queijo seria genuinamente mineiro, o queijo conhecido como ‘Canastra’, inaugurando um prato de uma culinária ao mesmo tempo regional, internacional e diplomática: a ‘Salada ShopskCanastra’.

No prato preparado para este livro introduzimos ainda outros ingredientes delicados igualmente saborosos e belos, e o molho serviu tanto para temperar a mistura quanto para desenhar aspectos das duas regiões: Minas na parte superior e Bulgária na parte inferior do prato branco, com destaque para a palavra ‘обичам’ que em búlgaro significa ‘amor’ e que deve ser, como utopicamente desejamos, o principal ingrediente para que as nações do mundo sentem e se entendam em torno da mesa do futuro.

João Diniz, setembro de 2012

(Este texto, foto e respectiva receita farão parte do livro de culinária ‘Sabores e Casos de Minas’ de Maraina Dornas a ser lançado em 2012 pela editora Asa de Papel.

ÁBACO, o cd

Em setembro de 2012 João Diniz apresenta ´Ábaco’ novo cd do coletivo Perodata  que nasce da ideia de criar uma versão sonora para o livro de poesia de mesmo nome lançado por ele e a editora ´Asa de Papel´ em 2011.

Neste trabalho JD e o Pterodata mantêm a proposta de realizar composições sonoras híbridas, incluindo poesia, música, espaços sônicos, falas, cantos e vídeo, alinhada com a ideia da ‘transArquitetura’ que propõe, através destas mídias diversas, a possibilidade de uma arquitetura expandida, na criação de ambientes performáticos e apresentações interdisciplinares.

O disco, bem como a apresentação multimídia de lançamento denominada ‘Ábaco suite multimídia’, propõe a criação de ambientes a partir de faixas instrumentais compostas em computador por João Diniz e que têm a participação de músicos e artistas colaboradores tais como: Rick Bolina na guitarra e/ou baixo em todas as faixas; do músico senegalês Zal Sissokho nos vocais e na kora, um tradicional instrumento africano; Ricardo Cheib na bateria e percussão; Leri Faria nos vocais e falas; Marilene Clara nos vocais; Maria Bragança no saxofone; e também das falas de Daniella Zupo e da arquiteta e poeta polonesa Dorota Wisniewska.

O ábaco é um instrumento ancestral de cálculo que há séculos vem formulando perguntas e dando respostas através de suas contas que sugerem números e seus significados. Neste trabalho livro e disco se integram numa soma suportes e sentidos onde ler/escrever e ouvir/tocar se complementam na busca de uma composição integrada e expandida.

Clique aqui para ouvir o cd Ábaco

FAIXAS:

  1. ALÉM 4:41
  2. MOTE 4:08
  3. MILAGRE 4:59
  4. AZULAR 6:23
  5. LETAL 6:24
  6. MAÇÃ 7:11
  7. FLOR 6:49
  8. SINAL 6:27
  9. REMANSO 4:32
  10. LÍQUIDO 6:07

FICHA TÉCNICA:
JOÃO DINIZ: composição, arranjo, sequenciamento digital, controller e textos (1 a 10), fala (2, 5)
RICK BOLINA: guitarras (1 a 10), baixo (1 e 2), arranjo (2)
ZAL SISSOKHO: kora (2, 4, 7, 9), letra em mandingue, melodia e canto (2)
RICARDO CHEIB: bateria (3, 4, 10), percussões (5)
LERI FARIA: canto e melodia (1), voz (8, 10)
MARILENE CLARA: canto (6, 8), fala (6)
MARIA BRAGANÇA: saxofone (10)
DANIELLA ZUPO: fala (7)
DOROTA WISNIEWSKA: texto em polonês e fala (10)

direção artística, produção e mixagem: João Diniz
engenheiro de som, mixagem e masterização: Ricardo Cheib
Gravação: Estúdio Bemol e tranStudio, Belo Horizonte, Brasil de outubro de 2009 a julho de 2012
Fotografia: Marcílio Gazzinelli
Arte Gráfica: Délio Campos, Bel Diniz, João Diniz e José Luis Baccarini

AGRADECIMENTOS:
Obrigado a: Rick Bolina, Márcio Diniz, Leri Faria, Ricardo Cheib, Zal Sissokho, Marilene Clara, Maria Bragança, Daniella Zupo, Dorota Wisniewska, Álvaro Gentil, Roberta Blasco, Marcelo Xavier, Délio Campos, Marcílio Gazzinelli, Dirceu Cheib, Ibrahima Gaye, Maurício Silva, Paloma Pimenta, Daniel D’Olivier, Renata da Matta, Clara, Isabel, João Marcelo Ricardo, Lúcia e Angela Diniz, Café Book, Editora Asa de Papel, Estúdo Bemol, Café da Manhã, BID, Garage Band e www.

A D O R A Ç Ã O

.

… aqui para adorar

.

sua vontade de dizer

as cores do seu olhar

a liberdade de sua fé

sua tolerância ao diverso

a presença do seu Deus

sua abertura ao desconhecido

a polifonia de nossas vozes

e os nossos limites

.

… aqui para adorar

.

a oração agradável

as velas ofertantes

o culto da harmonia

os rituais da alegria

os crentes não belicosos

os sacerdotes da igualdade

em ensinamentos sem autoridade

e celebrações sem celebridades

na crença que não impõe

.

… aqui para adorar

.

o altar nivelado

o múltiplo terço

a cruz do encontro

os sinos da dança

os mistérios abertos

nas capelas da paz

as religiões sem templo

os templos sem arrogância

os lugares que convidam

espaços do entendimento

nas possibilidades do sagrado

.

… aqui para adorar

.

a ceia liberada

o mergulho no vinho

do sangue intercontinental

e o pão da frugalidade

no corpo espiritual

filosofia da saúde

amplidão do espirito

coração confortável

de sensações verdadeiras

no rosário de perfumes

a paixão multidirecional

da natureza resistente

na cidade generosa

no campo coletivo

na beleza humana externa e interna

.

… aqui para adorar

.

o cérebro sensível

a aflição produtiva

o delírio consciente

a poesia instantânea

o transe artístico

a curiosidade da alma

a eterna descoberta

dos criadores de diálogos

arquitetos da esperança

transcendência suave

mandala do encantamento

na contemplação registrada

.

… aqui para adorar

.

o coral de ninar

o salmo poliglota

o cântico acessível

o mantra inclusivo

a reza improvisada

do discípulo amigo

dos fiéis em surpresa

e o mestre gentil

guru do bom humor

monge na multidão

sábio em duvida

sabedoria humilde

na iniciação voluntaria

que escreve o livro essencial

.

… aqui para adorar

.

a luz coletiva

a santidade infantil

o batismo constante

o casamento diário

da família humana

nos santos vizinhos

na unção sensitiva

da culpa reversível

da abolição do pecado

no perdão generoso

penitencia espontânea

da justiça tranquila

na morte provisória

vida de cada momento

passado desconhecido

e o futuro do agora

na inferioridade do tempo

.

… aqui para adorar

João Diniz, numa estrada da Bulgária, maio 2012